Sebo Baratos da Ribeiro: tem CLUBE DA LEITURA nesta terça (22) e HQs BRAZUCAS sendo lançadas na segunda (28)

Publicado por Maurício

Tópicos: Clube da Leitura, Para ler na web, Quadrinhos

SEBO BARATOS DA RIBEIRO:

20 mil livros + 5 mil LPs + CD + Quadrinhos Etc & Tal

+

bate-papo informal & outras farras

 

EM COPACABANA,

pertinho da estação Siqueira Campos do Metrô:

Rua Barata Ribeiro 354 /// tel (21) 2256 8634

http://www.baratosdaribeiro.com.br/

abrindo melhor

 

CLUBE DA LEITURA:

Retorna NESTA TERÇA, dia 22 de janeiro.

 

Como diria o velho boêmio Nelson Gonçalves: “Literatura, aqui nos tem de regresso”. Depois de mais de um mês de recesso e merecidas férias, nossos fiéis frequentadores entraram numa cruel síndrome de abstinência literária e agora clamam desesperadamente pela volta do Clube da Leitura. Sensibilizado com tantos sinceros pedidos, o Clube retornará revitalizado e preparado para vita nuova de mais uma temporada.

 

Pois, como mostra o mote, é possível superar os piores vícios, como álcool, as drogas ou o Big Brother, mas difícil mesmo é se curar dos encontros do Clube da Leitura. Por isso, no próximo encontro, venha tomar mais uma dose do coquetel de literatura, bom papo e alegria com a gente.

abrindo

PARA PARTICIPAR COM UM CONTO DA SUA AUTORIA, escreva algo inspirado no texto escolhido como mote pro desafio:

“Experimentando a Abstinência”, de William Seabrook

E pela altura do verão já eu achava prazer em muitas coisas por que deixara de interessar-me. Jogava tênis melhor do que havia feito durante anos, e voltava a entreter-me com o golfe. Mais ainda, gostava de acordar pela manhã e tomar o meu café, o que, por muito tempo, me repugnara. Comecei a responder às cartas que recebia, e a pensar na satisfação de tornar ao convívio dos amigos, no mundo de que saíra.

Em junho, os médicos, vendo-me mais bem-humorado e mais em ordem fizeram-me remover da galeria dois para um dos pavilhões de convalescentes. Passei então a ficar tão livre praticamente, dentro dos limites do parque, como se estivesse numa colônia, ou num hotel de verão. Gostava muito daquilo, da sobriedade em que vivia: ir à noite para a cama sem estar embriagado, e acordar sem a indisposição proveniente da embriaguez da véspera. De bom grado inclinei-me a admitir que, voltando à atividade, não iria viver senão abstêmio, custasse o que custasse.

texto do mote

Mas devia ter medo do uísque, quando me apanhasse lá fora? Teria realmente adquirido a capacidade bastante para, só e por mim próprio, governar os meus passos à respeito? Não o saberia dizer. Tampouco o sabiam os médicos, ao que apurei. Todavia, quando me deram alta, em fins de junho, declarando-me curado, pediram-me prometesse, à título de experiência, que durante um período adicional de seis meses, de maneira nenhuma tocaria numa gota de álcool.

Como, de modo geral, não tenho boa memória ara datas, os seis meses se escoaram, sem que eu o houvesse notado. A não ser no meio do verão, quando, num ou noutro momento de mais forte calor, me ocorreu que podia tomar um pouco de cerveja, não me lembrei de bebida. Uns quinze dias mais tarde, alguém abriu junto de mim uma garrafa de xerez espanhol. Considerei que, depois de tão longa abstinência, devia primeiro prová-lo. Tinha um copo, e gostava do xerez. Pois não me acudiu mais do que isto. Alguns dias depois, tendo sede, não me deixei seduzir pelos copos de uísque, que estavam ao lado, ao passo que, nos tempos de bêbedo, todo pretexto era bom e toda ocasião apropriada, para os derramar goela a dentro.

Muitos meses decorreram sobre essas raras vezes que bebi, e ainda bebo raramente. Conforme há pouco dizia, não penso no assunto. Tenho outras preocupações. O que sei é que me sinto menos infeliz do que quando tentava afogá-las.

Esse e outros textos, incluindo os contos criados pelos confrades do Clube, você encontra no blog do coletivo:

http://www.baratosdaribeiro.com.br/clubedaleitura/

lendo em cima da arvore

UM GUIA PRÁTICO SE VOCÊ ESTÁ VINDO PELA PRIMEIRA VEZ AO CLUBE:

> O Clube é dedicado à prosa de ficção. Eventualmente outros tipos de textos entram na roda, mas apenas em ocasiões especiais. (Em especial a poesia não entra na brincadeira: existe um monte de saraus de poesias pelo Rio de Janeiro. O lance aqui é outro.)

> Não se trata de uma oficina de escrita criativa. Não há um “mestre” lapidando cada um dos talentos reunidos aqui.

> Escrever contos não é o único nem o principal objetivo do Clube. Tem quem participe apenas lendo textos, e tem quem goste apenas de escutar e papear com a galera.

> São 2 rodadas de leitura: numa são lidos trechos de contos ou romances já publicados, e na outra rodada são lidos os contos escritos especialmente para o Clube.

> Para participar da rodada de texto já publicados basta você abrir o livro – e pode ser aquele que você trouxe de casa, ou aquele que você puxou de uma das prateleiras da livraria.

> Para participar com um conto da sua própria autoria, leia o texto do mote, no blog no Clube (o endereço foi dado lá em cima) e se inspire nele para criar sua estória (máximo de 3.500 caracteres), que deve ser impresso sem assinatura.

> Finalmente, o Clube nasceu no Sebo Baratos da Ribeiro, mas é uma agremiação auto-gerida, informal e viva que traça seu próprio destino. O que significa que todos esses pontos acima, escritos por mim (Maurício, o gerente do sebo) podem cair por terra, se um dia a rapaziada assim desejar.

gata lendo

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E ANOTE NA AGENDA:

Na próxima segunda-feira, dia 28 de janeiro, a partir das 19h, tem

NOITE DE LANÇAMENTO, e é em DOSE DUPLA:

capa KM Blues

HQ “KM BLUES”

16 x 25cm, 104 páginas, R$ 25,00

 

Blues, estrada, Cartola, São Paulo. Amigos, familiares, amores. E a música. KM Blues conta a história de Flávio, um homem recém-divorciado que viaja por São Paulo, numa fuga dentro de si mesmo, uma procura de respostas a perguntas que ele sequer sabe quais são. Acompanhado pelo músico Cartola, o personagem visita diversos lugares que fizeram parte da vida dele, reencontrando pessoas, sentimentos e um novo caminho.

 

Roteiro de Daniel Esteves, arte de Wanderson de Souza, cor de Wagner de Souza & William Gene

Projeto realizado com o apoio do Governo do Estado de São Paulo, Secretaria da Cultura, Programa de Ação Cultural 2011.

letras-CAP03

HQ “PETISCO APRESENTA, volume 1”:

96 páginas, 16x25cm, R$ 30,00

 

O Petisco começou como um portal de webcomics, contendo diversas séries em quadrinhos, todas publicadas com a periodicidade de uma página por semana, assim como acontecia com os quadrinhos que eram publicados nas páginas dominicais dos jornais.

Cada uma das séries do Petisco é atualizada em um dia diferente da semana. Então juntando todas elas, há atualizações diárias de quadrinhos no site. Assim, o leitor pode saborear diferentes HQs, em pequenas porções semanais, como se fossem petiscos. E tudo gratuitamente.

HQ petisco-beladona

Fazem parte do Petisco as séries: Nova Hélade (Cadu Simões e vários desenhistas), Nanquim Descartável (Daniel Esteves e vários desenhistas), Demetrius Dante (Will), Terapia (Mario Cau, Rob Gordon e Marina Kurcis), Beladona (Ana Recalde e Denis Mello), Macacada Urbana (Vencys Lao) e Calundu e Cacoré (Karlisson).

 A série Terapia ganhou o Troféu HQMIX de melhor Webquadrinhos de 2011. Novas séries estão por vir e irão estrear no site em breve.

O álbum apresenta seis das séries do site (Nova Hélade, Nanquim Descartável, Beladona, Terapia, Demetrius Dante e Macacada Urbana) e foi financiado pelo sistema de “crowdfunding” no site Catarse.me.

O grupo de autores tem muitos projetos em mente, este será apenas o primeiro de muitos livros que trarão a marca do Petisco.

Agora, sente-se à mesa e aproveite a refeição.

www.petisco.org

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entrando no sebo

& um texto bônus:

“ANDAR À TOA PELOS SEBOS”
capítulo de “101 experiências de filosofia cotidiana”, de Roger-Pol Droit
Acontece por acaso. Você tem um tempo livre, inesperadamente, entre duas reuniões, ou porque os meios de transporte estão em greve. Ou simplesmente porque estava à toa. Mas não pode ser nada premeditado. Quando se dá conta, percebe que está num sebo. Não importa a cidade ou o país, nem mesmo se é uma livraria especial ou uma rua especializada. O importante é que está cercado de livros.

Você passa de uma seção à outra, de um andar à outro, de um corredor à outro. Não procura nada em particular e se sente atraído pelos títulos, autores, personagens, como se cada livro estivesse lhe chamando, querendo atirar-se sobre você. Você adivinha, por detrás de cada capa, como por detrás de janelas fechadas e de cortinas corridas, vidas inteiras, almas. Em cada volume há destinos que lhe esperam. Pequenos destinos, fatalidades. Pouco importa. Se você entrar neles será levado, por muito tempo, para muito longe.

 
Mas a coisa é difícil. Entre milhares de volumes, quais deles escolher? Você percebe, cada vez mais próximo, o sussurro desses livros que lhe convida. “Não quer me ler, meu querido?”, “Chegue mais perto, não vai se arrepender…”, “Se me escolher, não vai mais conseguir parar de ler!”, “Eu quero você! Pegue-me!”. Você passa rápido e de um sussurro à outro. Ouve vozes baixas, sente o hálito morno dos textos que se oferecem.

 
E então percebe a seguinte verdade: a literatura é prostituição, pelo menos em um sentido. Cada história impressa é uma prostituta que tenta se destacar, captar o espírito que passa, prolongar-se em uma atenção recebida. O conjunto das artes é também assim: as obras sussurram todas as obscenidades com voz baixa, e o olhar passa, deslizando, de uma à outra.
Você acabará vendo as livrarias como bordéis, as exposições como uma orgia e a cultura também. Mesmo quando consegue se libertar, os apelos continuam, e você sente pelos artistas uma profunda compaixão.

Sexy reading

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