Informativo BARATOS: livraria repaginada, PROMOÇÕES, Feira de Discos, DVDs, HQs & horário especial na Copa

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Bom dia.

Espero que você esteja com saudades desses informativos. O tempo ultimamente anda nublado no Rio, abstratamente falando. Então as farras andam mais discretas.

Os debates continuam rolando a qualquer hora do dia. Ronaldo Dias segue distribuindo dicas gastronômicas aos interessados. As mixtapes que sonorizam o sebo continuam se renovando – e ultimamente temos ouvido muito Butch Walker, Bárbara Eugênia, o tributo brasileiro ao Michael Jackson (com Fuzzcas, Les Pops, Rodrigo Santos e outros bambas), Los Esquejes (entre outras latinidades), The Kooks, uns lances portugueses que mesclam fado e pop, Devendra Banhart, Julio Reny, Jake Bugg, Mão de Oito, uns doo wops italianos e Brian Auger.  O DJ Ácaro se aposentou mas seu acervo continua alimentando nossa rádio particular….

SEGUE FIRME & FORTE o Clube da Leitura: cuja próxima reunião acontece no dia 27 de maio. O trecho eleito como mote do próximo desafio (contos de até 2 laudas, que devem ser inéditos) foi do “Insustentável leveza do ser”, do tcheco Milan Kundera. Logo logo será publicado no blog do coletivo:

http://www.baratosdaribeiro.com.br/clubedaleitura/

(E eu gostei tanto do conto que li na última terça, que o transcrevi e coloquei no final deste informe.)

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MAS PASSEMOS ÀS NOVIDADES NO ACERVO.

Adquirimos recentemente uma ótima biblioteca de História, tanto universal como brasileira, com ênfase em história cultural, Rio de Janeiro, biografias e Guerra. A seção dobrou de tamanho e está bem melhor organizada.

E você deve imaginar que depois de 13 anos acumulando livros, fica difícil encontrar espaço para acomodar os recém-chegados. Resolvemos fazer um mutirão, e numa livraria isso significa REMARCAR PREÇOS: para baixo, é claro! (Além de reorganizar as prateiras, à medida que vamos descobrindo uma seção, por exemplo, de Romances Históricos, anteriormente espalhada pelas várias literaturas.)

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E aproveitando as mangas arregaçadas, os livreiros Ronaldo, Lucas, Felipe e Walther criaram suas prateleiras de sugestões.

No caso daquela prateleira laranja no início da loja fomos radicais: E UMA MONTANHA DE LIVROS DE ARTE passaram para uma promoção especialíssima: qualquer exemplar sai por 10 mangos, mas 6 livros saem por 30 pratas!

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A seção de livros infantis e infanto-juvenis também foi reformulada, ganhando mais prateleiras e espaço para os pequenos sentarem e fuçarem o acervo.

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O setor de DVDs também foi ampliado, graças a um acervo de 1.800 filmes, documentários e shows que chegou faz uns dias. Ah, na leva vieram também algumas dezenas de Blue-Rays e pacotes de séries televisivas – com 3 ou 5 discos em cada. É claro que alguns desses filmes foram parar no meu acervo particular, o que inspirou o último artigozinho neste blog:

http://aptovazio.blogspot.com.br/

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(Vale a pena aproveitar o ensejo e conferir a seção de CDs: um famoso radialista carioca precisou de espaço em casa e se desfez de uns 200 discos bem bacanas.)

Finalmente, a seção de QUADRINHOS anda farta, graças, em parte, ao meu primo. Foi ele quem me contaminou com esse vício pela Oitava Arte, lá por fins dos anos 80, quando foi passar férias em Taubaté e trouxe na mala os gibis dos X-Men publicados pela Abril. Agora pai, tendo de dividir os armários com os brinquedos das crianças, o Thiago tomou coragem para reduzir sua coleção ao essencial, e caixas e mais caixas continuam chegando em nosso laboratório, onde duendes habilidosos preparam aqueles pacotes espertos. Séries completas, TPs, arcos inteiros, edições especiais e graphic novels que não acabam mais.

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QUANTOS AOS LPs, é até mais fácil. As novidades estão todas disponíveis no portal Prefiro Vinil:

http://www.prefirovinil.com.br/principal/index.php

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E se prepare: está chegando a X Feira de Discos de Vinil, dia 1º de junho. Novamente no Instituto Bennett, no Flamengo. O coletivo Vinil É Arte fará mais uma vez a curadoria dos DJs participantes, e você poderá garimpar ao som dos craques João Pinaud, David Tabalipa, Tatá Ogan, MBgroove, Dudu Dub, Marcelinha MG e Corysco, entre outros.

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IMPORTANTE:  a Baratos da Ribeiro terá seu stand no evento, MAS NÃO ESTÁ ORGANIZANDO a farra desta vez. Os interessados devem procurar o Marcelo Maldonado, na Satisfaction Discos: na Rua Francisco Sá 95, Loja K (mesma galeria onde fica o King Seven, um dos mais prestigiados estúdios de Tatuagem do Rio). O telefone é (21) 2521 2893

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COPA DO MUNDO:

(ok, me deixem respirar fundo antes….)

o lance é que a equipe de livreiros está dividida: alguns adoram futebol, outros não dão a mínima (e o meu caso é um tanto mais grave). Além disso, a prefeitura decretou uns feriados.

ENTÃO É O SEGUINTE: no dia do primeiro jogo da seleção brasileira eu vou dispensar os funcionários mais cedo, e ficarei com a livraria aberta até o horário normal. COM O OBJETIVO DE OFERECER UM REFÚGIO A QUEM QUEIRA ESCAPAR do auê esportivo. Quer dizer: vou tentar. Eu, mais os livros, discos, filmes e quadrinhos estaremos lá para que a rapaziada possa pensar em outros temas, falar sobre outros lances. Se for impossível, será aplicada a outra regra: abertura ou fechamento da loja 1 horas depois ou antes do horário do jogo, ok?

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Ah, quase esqueço: talvez role mais um evento naquela vila bacana, perto do Largo do Machado, com stand da Baratos da Ribeiro. Val Becker está no Rio e estou devendo a ela uma edição especial do Clube do Vinil. Para não perder, dê uma conferida na fanpage da livraria no facebook, lá pra sexta-feira:

https://www.facebook.com/pages/Baratos-da-Ribeiro-Livraria-Ltda/170107369722222

Enfim, espero vê-lo em breve!

E antes de clicar na outra aba, leia o fragmento abaixo, do excelente livro “Gravando”, publicado pela caprichosa Patuá, editora de São Paulo que tem revelado jovens e imensos talentos literários. A poeta Aline Rocha nasceu em 1990 e pesquisa teoria literária e literatura latinoamericana, além de lecionar, escrever e traduzir.

Um abraço,

Maurício Gouveia /gerente

Mauricio

LIVRARIA BARATOS DA RIBEIRO

Rua Barata Ribeiro 354, Copacabana, Rio de Janeiro

(próximo à estação Siqueira Campos do metrô)

Tel. (21) 2256 8634

Aberto de segunda à sexta das 9 às 20h

& aos sábados das 11 às 15h

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“Alcides,

 

Foi assim. Naquela tarde fria de agosto, enquanto você me falava sobre os filmes que havia assistido semana passada, eu me encontrei. Assim, de repente. Foi rápido demais, mas eu já sei que os momentos decisivos precisam ser captados com astúcia e perspicácia, pois duram poucos segundos, talvez milésimos, talvez nada, talvez ar, poeira. E eu captei, Alcides, naquela tarde fria de agosto, enquanto você me falava sobre uma porção de filmes que nunca assisti e talvez nunca assista por medo de perder o encanto da sua narração. Nós dois sempre fomos desgraçadamente humanos. Hoje, Alcides, as coisas são mais difíceis. Não sei por onde você anda, não sei se lembra de mim. Mas é assim mesmo, aos poucos vamos perdendo o que parecia delineado com tanta firmeza. Hoje já não falo com minha melhor amiga, meu cachorro morreu na quinta-feira e o Kassab venceu as eleições. Que há de fazer? Nunca acreditei em destino, mas sempre fiz mapa astral: é uma incógnita. Não importa, não importa. As coisas são como são. Mas eu ia dizendo que me encontrei naquela tarde em que seus lábios se moviam calmamente e os meus se moviam calmamente tentando repetir palavra por palavra e eu olhava a pulsação da veia em seu pecoço e a tatuagem do seu peito saltando enquanto você olhava pra mim pro meu corpo era o meu corpo eu sempre soube enquanto você olhava e falávamos tudo aquilo não fazia sentido pra qualquer outra pessoa mas pra nós sim pois inventamos um jeito lacônico de nos comunicar sim eu lembro bem eu só entendia as lacunas você também as arestas as migalhas que ficavam aquele diálogo entrecortado por um gole e outro entre um beijo e outro entre um olhar entre dedos sobre a pele e pouco ficava das palavras porque no final nas contas era muita pela era muito corpo e os gestos eram muito calculados, gravado, eu ouvia depois da segunda garrafa, você também e ríamos porém sem esquecer do objeto estranho na sala. Gravando.

 

Outro dia, enquanto eu andava pela Augusta, tive medo pois um grupo de skinheads me seguia. Entrei ofegante e suada no cinema e vi que o nosso estava em cartaz. Lembre de você, Alcides, e não segurei. Todos me olharam, todos, e o choro aumentou, era incontrolável, como tudo em mim. Então corri mais um pouco e entrei naquela bar podre onde costumávamos beber. Sorri extasiada. Alcides, eu queria tanto que você estivesse aqui, sabe, você é o meu melhor amigo, você é o único que entende as minúcias que eu tento esconder e que escondendo só deixo mais explícitas, você sempre abre as janelas e as janelas por aqui andam sempre trancadas agora, eu preciso muito que você volte pra abrir as janelas, eu preciso que você volte e faça isso, não me deixe abrir, o vento baterá forte demais. Tento costurar meus fiapos, mas a linha não entra, a agulha não passa, fica um emaranhado, tudo muito tosco. Isso aqui era cetim, seda, trapo agora: folhas, papel, carbono, elástico – eu estico até o limite e solto e empurro o corpo contra a alma. Falta, falta algo, mas o pior não é isso, o pior é o que sobra: sobre muito mais. Rolos e rolos de filme.

 

Você se tornou a maioria dos lugares dessa cidade, Alcides, e freqüentar estas ruas, estes bairros, estas placas com os nomes de nossas lembranças tem sido cada vez mais tortuoso. A vida é um labirinto de mal-entendidos, cheias de esquinas e eu sempre pensava que daria de cara com seu sorriso na próxima, naquela adiante, mas pouco vejo além da neblina desta avenida alta. Percorro o Centro e as câmeras de segurança acompanham meus passos. Sorrio lisonjeada, arrumo a postura, aliso os cabelos e retiro do bolso o batom e um pequeno espelho. Passo a maquiagem, mas na verdade é só um pretexto para olhar o reflexo da lente que me observa, por vingança. Pra mim, é você ali.

 

O problema é este país, o estado, a cidade, não sei, mas é externo. Só pode ser. É sempre externo, Alcides. E eu odeio ser assim, trágica, é tão cafona e piegas. Tem que ter mais cor, eu sei, mas agora não, na próxima cena, preto&branco ninguém quer: só você, e eu, nós dois. Shiiiiu, preciso falar baixo. Esses vizinhos, não confio neles. Todos gostam, Alcides, de ouvir a conversa alheia. É tudo imaginado, Alcides. É tudo dissimulação.”

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