Agenda do Sebo Baratos & Beca Brechó: CLUBES DO VINIL + lançamento de QUADRINHOS + Vespeiro com WANDER WILDNER

Publicado por Maurício

Tópicos: Bazar de Bolso, Clube do Vinil, Eventos, Locos Hermanos, Quadrinhos, Vespeiro

Sebo Baratos: Rua Paulino Fernandes 15, Botafogo – a uma quadra do metrô.

20 mil livros + 7 mil LPs + quadrinhos + CDs & DVDs + papos espertos

Funcionamos de segunda à sexta das 10 às 20h e aos sábados das 11 às 20h. Com horário estendido nos dias de evento.

Tel. (21) 3547 2220 /// http://www.baratosdaribeiro.com.br/

Curta nossa página no facebook: https://www.facebook.com/Baratos-da-Ribeiro-Livraria-Ltda-170107369722222/

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NESTA QUINTA, dia 13 de abril, a partir das 19h:

CLUBE DO VINIL com os DJs Buba & Tacy de Campos

Vitor Silveira é o nosso engenheiro de som, Tacy é compositora e está com seu disco de estréia quase pronto – muitos a conhecem também dos palcos: desde 2014 ela encarna a Cássia Eller no musical que tem percorrido o país. Ah: vocês podem também ter visto o Buba à frente de bandas como o Acordes Seletos ou o Metrô na Superfície. E Tacy se apresentou no último Vespeiro com o Duoplex (ela + Wagner José).

O Clube vai ao ar pela web Rádio Graviola toda quarta (às 22h) e sábado (18h).

Nas próximas duas semanas você vai escutar bandas como Titãs, Violeta de Outono, Ira!, Escola de Escândalo, Paralamas do Sucesso, DeFalla, Vímana, Mercenárias, Aguilar & Banda Performática, Capital Inicial, Gang 90 & Absurdettes, Plebe Rude, Fausto Fawcett, Finis Africae, Legião Urbana, Engenheiros do Hawaii, Picassos Falsos, Inocentes, Patife Band, Camisa de Vênus, Hojeriza, Kid Abelha & Os Abóboras Selvagens, Grupo Rumo, Nenhum de Nós e Fellini. Trata-se do especial “Memórias do Inconformismo”, em que o historiador Rômulo Mattos (PUC-RJ) discutiu o rock brasileiro dos anos 80.

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Já veio conhecer o BECA BRECHÓ? Se liga: a pop-up store da Ana Paula Moniz funcionará apenas até maio, então não deixe de conferir as roupas, acessórios & objetos lá no segundo andar do sobrado azul. Tudo muito fino, lindo & retrô, e com ótimos preços.

Funcionando de terça à sábado, a partir das 13h.

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NA PRÓXIMA QUINTA, dia 20 de abril, a partir das 19h:

TEM LANÇAMENTO DOS QUADRINHOS da Zapata Edições, NO CLUBE DO VINIL!

Maurício convocou o DJ Leo Plugel para uma noite que explorará a CONEXÃO SAMPA-TIJUANA….

& o roteirista Daniel Esteves autografa os recentes lançamentos do Selo de HQs independentes Zapata Edições:

– “Por Mais um dia com Zapata”: HQ histórica sobre o líder revolucionário mexicano Emiliano Zapata.

“São Paulo dos Mortos” volumes 01, 02, 03: Três volumes com Histórias de Zumbis ambientadas em São Paulo.

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“Archimedes Bar”: Coletânea com HQs num bar tipicamente paulistano, mas no espaço!

– “147: uma briga de facebook dentro de um Fiat 147

Também estarão à venda pôsteres e camisetas de São Paulo dos Mortos.

Para saber mais sobre as HQs: www.zapataedicoes.com.br

Mais sobre o evento: https://www.facebook.com/events/188791328295612/

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A DRAMATURGIA VOLTA AO SOBRADO AZUL no dia 25 de abril, terça-feira, a partir das 19h:

O ator Gilberto Behar & o escritor Márcio Menezes reformularam o evento, que agora passa a se chamar TERÇA EM CENA. Mais informações em breve.

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CONSEGUIMOS!!!!! Graças à vaquinha feita pelos fãs teremos WANDER WILDNER no VESPEIRO!!!!

Seu último disco, “A vida é uma toalha estendida no varal”, é dos melhores da discografia do ex-Replicantes! Escuta aí: https://wanderwildner.bandcamp.com/album/a-vida-uma-toalha-estendida-no-varal/

MELVIN fará o show de abertura, apresentando seu trabalho solo…. E mais tarde, neste mesmo sábado, vai rolar show do Carbona (mais Os Estudantes), a banda que ele fundou 20 anos atrás. Os 20 primeiros a chegarem no Saloon 79, da turma que participou do crowndfunding, entra de graça. E WANDER vai atacar de DJ neste “after”.

Mais informações em: https://www.facebook.com/events/438217549863214/

ALLAN SIEBER também vai participar, expondo seus desenhos e com seus livros à venda na Baratos.

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WANDER WILDNER estará acompanhado de Eliza Schinner (banda 909) no contrabaixo e de Jean Albernaz (A Batida Que o Seu Coração Pulou) na bateria.

DJ Marcus Losanoff, do programa Cambio (Rádio Graviola) toca antes, depois e nos intervalos. (Ele foi também um dos DJs residentes da festa Locos Hermanos, lembra?)

CHEGUE CEDO! A casa estará sujeita à lotação. SÓ GARANTIMOS A ENTRADA, em qualquer horário, da turma que participou da vaquinha.

UMA REALIZAÇÃO da Semente Produções. Carla Sobrosa é fã e quis participar. Acabou assumindo a produção executiva do evento e foi peça fundamental no sucesso dessa empreitada. Mais em http://www.sementeproducoes.com/

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Muito obrigado aos PARCEIROS NA VAQUINHA em prol do show:

Ana Galli, Ana Paula Moniz, Alessandra Debs, Alexandre Vieira, Bady Cartier, Carol Aranha, Daniel Ribas, Eduardo Albuquerque, Gabriel Neiva, Guilherme Almeida, Gustavo Loureiro, Helena Melo, Jane Deluc, Jefferson Volve, Jonia Caon, Juliana Cabeza, Juliana Vieira, Laura Brizuela, Lucas Vieira, Marcelo Perrone, Marília Costa, Marina Melo, Pedro Camilo, Pedro Serra, Pedro Montenegro, Priscila Walter, Renato Silva, Ricardo Coelho, Rômulo Mattos, Rosanna Aliprandi, Saulo Jacques, Tatiana Guimarães, Val Becker, Vitor Buba, William de Abreu, William Mathias e toda a banda Vênus Café (Danilo, Gabriel, Francisco e Juliano)

VOCÊS SÃO LINDOS!!!!

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fragmentos de MAS NÃO SE MATAM CAVALOS?, de Horace McCoy (tradução de Irene Hirsch, L&PM)

A maratona de dança foi realizada na área de lazer do píer da praia, em um imenso prédio antigo que antes tinha sido um salão de baile público. Construído sobre estacas, erguia-se sobre o oceano e, debaixo de nossos pés, debaixo do chão, , o oceano pulsava dia e noite. Eu sentia a pulsação na planta de meus pés, como se eles fossem estetoscópios.

Na parte de dentro havia uma pista de dança para os concorrentes, com mais ou menos dez metros de largura e sessenta metros de comprimento e, ao redor, em três lados, havia cadeiras e, atrás delas, bancos para o público em geral. No fim da pista de dança tinha uma plataforma elevada para a orquestra. Tocava só à noite e não era uma orquestra muito boa. Durante o dia só tínhamos a música que se conseguia no rádio amplificado por alto-falantes. A maior parte do tempo era alta demais e enchia o salão de barulho. Tínhamos um mestre-de-cerimônias, cuja tarefa era fazer com que os fregueses se sentissem à vontade; dois juízes que andavam pela pista com os concorrentes o tempo toda para ver se estava tudo certo; dois enfermeiros, duas enfermeiras e um médico para casos de emergência. O médico não se parecia nem um pouco com um médico. Era jovem demais.

A maratona começou com 144 pares, mas 61 desistiram na primeira semana. A regra era dançar durante uma hora e cinquenta minutos e depois dez minutos de descanso, quando a gente podia dormir se quisesse. Mas aqueles dez minutos também era para a gente se barbear, ou tomar banho, ou cuidar dos pés, ou qualquer outra necessidade

A primeira semana foi a mais difícil. Os pés e as pernas de todo mundo incharam, e ali embaixo o oceano continuava a bater, bater contra as estacas sem parar. Antes de entrar nessa maratona de dança eu adorava o oceano Pacífico: seu nome, seu tamanho, sua cor, seu cheiro… Costumava ficar sentado durante horas olhando para ele, pensando sobre os navios que partiram e nunca voltaram, sobre a China e os Mares do Sul, imaginando todo tipo de coisa… Não faço mais isso. Estou cheio do oceano Pacífico. Não me importo de não vê-lo de novo. Provavelmente não o verei de novo. O juiz vai cuidar disso.

Uns veteranos nos deram dicas, a Glória e a mim, que o melhor jeito de ganhar uma maratona de dança era aperfeiçoando um esquema para aqueles dez minutos de descanso: aprender a comer um sanduíche enquanto se fazia a barba, aprender a comer enquanto se ia ao banheiro, enquanto se cuidava dos pés, aprender a ler o jornal enquanto a gente dançava, aprender a dormir no ombro do parceiro enquanto a gente dançava; mas eram truques do ofício que exigiam prática. Foi muito difícil no começo para nós dois.

Soube que quase a metade das pessoas daquela competição era profissional. Participar de maratonas por todo o país era uma ocupação, alguns deles chegando a ir de uma cidade para a outra de carona. OS outros eram apenas rapazes e moças como Glória e eu.

Nossos melhores amigos eram o par número 13. James e Ruby Bates vinham de uma cidadezinha ao norte da Pensilvânia. Era a oitava maratona de dança deles. Ganharam um prêmio de mil e quinhentos dólares em Oklahoma, ficando em movimento durante 1.253 horas sem parar. Havias várias outras equipes que diziam ter sido campeãs de algum jeito, mas eu sabia que James e Ruby ficariam ali até o final. Isto é, se o bebê de Ruby não chegasse antes. Faltavam quaro meses para o bebê nascer.

Percebo agora como fui burro. Eu deveria saber sobre o que ela estava pensando. Lemabrando agora daquela noite, não entendo como pude ser tão burro. Mas naquela época eu era um idiota a respeito de um monte de coisas… O juiz está sentado ali, fazendo seu discurso, me olhando pelos seus óculos, mas suas palavras têm o mesmo efeito sobre o meu corpo como sua visão em relação aos óculos:  atravessaram sem parar, destruindo cada olhar e cada palavra que seguem. Eu o escuto com os pés e as pernas e as costas e os braços e tudo menos meus ouvidos e meu cérebro. Com meus ouvidos e meu cérebro escuto um vendedor de jornal na rua gritando alguma coisa sobre o rei Alexandre, escuto os bondes passando na rua, escuto os carros, escuto os avisos dos semáforos; na sala do tribunal escuto as pessoas respirando e mexendo os pés, escuto a madeira de um banco estalando, escuto o pingo de uma pessoa cuspindo. Tudo isso eu escuto com meus ouvidos e meu cérebro, mas escuto o juiz apenas com meu corpo. Se algum dia você escutar um juiz dizer a você o que ele está dizendo para mim, você vai entender o que quero dizer.

Era um dia em que Glória não tinha nenhum motivo para estar mórbida. As pessoas entraram e saíram o dia inteiro, desde o meio-dia o salão estava lotado, e agora, um pouco antes do casamento, havia poucos lugares vazios, e a maioria estava reservada. O salão inteiro estava decorado com tantas bandeiras e flâmulas vermelhas, brancas e azuis que você ficava esperando ouvir os fogos de artifício estourar e a banda tocar o hino nacional. O dia todo tinha sido agitado: os trabalhadores decorando o salão, os boatos de que as mulheres da Liga em Prol da Moralidade viriam pôr fogo no salão… e dois conjuntos de roupa nova que a Cerveja Jonathan mandou para Glória e para mim.

Era um dia em que Glória não tinha nenhum motivo para estar mórbida, mas estava.

“Rapaz!”, um homem chamou do camarote.

Eu nunca o tinha visto antes. Ele fazia sinal para que eu me aproximasse.

“Não vai ficar muito tempo nessa cadeira”, disse a ele, em pensamento. “Esse é o lugar da sra. Layden. Quando ela chegar, você vai ter que sair”.

“Você é o rapaz do par número 22?”, perguntou.

“Sim”, eu disse.

“Onde está sua parceira?”

“Está ali”, respondi, apontando para  plataforma onde Glória estava junto com as outras garotas.

“Vá chama-la”, o homem disse, “quero conhecê-la”.

“Tudo bem”, eu disse, indo buscar Glória. “Quem será ele?”, perguntei a mim mesmo.

“Há um homem ali querendo conhecer você”, eu disse a Glória.

“Não quero conhecer ninguém”.

“Ele não é nenhum pé-rapado”, eu disse. “Está bem vestido. Parece alguém importante”.

“Não me importo com sua aparência”, ela disse.

“Ele pode ser um produtor”, eu disse. “Talvez você tenha sorte com ele. Talvez essa seja a sua chance”.

“Foda-se a minha chance!”.

“Vamos”, eu disse. “O homem está esperando”.

Por fim ela foi comigo.

“Esse negócio de cinema é um horror”, ela disse. “Você tem de conhecer gente que você não quer conhecer e tem de ser simpática com gente que você odeia. Fico contente de ter acabado com isso.”

“Você está apenas começando”, eu disse, tentando animá-la. Não prestei atenção à observação dela na hora, mas percebo agora que foi a coisa mais reveladora que ela disse.

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